Apaixonei-me por uma ilusão,
Intocável, distante visão.
Posso me aproximar? — Não!

Paixão, tão longínqua, tão bela,
Primitiva e pura, como centelha,
Que faz pulsar a vida em mim,
Como água que desce sem fim,
Como o fogo que aquece em inverno,
Como o vento suave e eterno,
Ou o pássaro livre, em voo sereno,
Que toca a janela num dia ameno.

Olho o horizonte, mas nada encontro,
Apenas em meus pensamentos te monto.
Vejo-te perfeito, sem explicação,
Parte intrínseca de minha criação,
Feroz e delicado em fantasia,
Tão meu, tão só, pura utopia.

Talvez no futuro eu te alcance,
E, por fim, atravesse a nuance
Do mundo das ideias, irreais,
Num universo de sonhos imortais...