O que é essa dor,
Que invade sem aviso,
Esse vazio que nos cerca,
Um sentimento indeciso?

Por que dói tanto?
É a certeza implacável,
De que jamais veremos
Quem nos era indispensável.

Alguém tão querido partiu,
Rumo a um mundo desconhecido,
Onde crenças e reflexões
Geram inúmeras concepções.

Aquela presença virou ausência,
A alegria em tristeza se transforma,
E nada, neste vasto mundo,
Muda a verdade que nos transforma.

Somos egoístas, talvez,
Ao desejar que jamais partam,
Ou é apenas a dor da perda,
Que em nós se espalha?

É difícil olhar o horizonte,
E não enxergar mais nada,
No fim desse caminho distante,
Só há a morte anunciada.

Deus, se existes, por que a negação?
Por que lutamos contra nossa própria certeza?
O que resta aos que ficaram?
Dor, arrependimento, e uma ferida de cura lenta, marcada pela tristeza.

Jamais aceitamos por completo,
Carregamos o tormento, em silêncio.
Vivamos o presente, portanto,
Pois o amanhã é sempre incerto.

A dor do luto nos revela,
Que o agora é nosso único consolo.