Ontem passei o dia a pensar...
O que é ser mulher, lutar ou calar?
Aceitar, suportar ou se rebelar
contra um mundo que insiste em nos silenciar?

Quantas seguirão sem se enxergar,
presas no ciclo que as faz aceitar?
Subservientes do próprio destino,
fantasmas em lares sem lhes abrigar.

Quantas ainda cuidarão de quem as destrói,
servindo à família que as corrói?
Quantas não ousam sonhar liberdade,
presas à crença de que nada são?

E quantas, sem ver, reforçam a grade,
chamando de amor o que é submissão?
Repetem promessas, defendem algozes,
negam as dores, matam a razão.

Alienadas, em nome do afeto,
curvam-se à ordem do homem senhor,
aceitam migalhas, fazem-se sombra,
sem ver que nelas habita o vigor.

O que é ser mulher nesta terra brutal,
onde tantos se impõem como dono e rival?
É guerra constante, é luta incansável,
por vida, por voz, por ser essencial.

Mas que a aurora renasça em coragem,
que os passos rompam as grades da margem.
Ser mulher não é ser coadjuvante,
é ser personagem da própria jornada,
é fogo, é farol, é força ampliada!