EXÍLIO DO SENTIR
Meu querido tempo, vai,
leva contigo o que não dá mais.
Esse tormento que me invade,
essa ausência de vontade.
Não posso mais sentir,
só existir… e prosseguir.
Quero-te longe, bem distante,
como sombra vacilante.
Que tua face se desfaça,
como o sal que o mar abraça.
Que ninguém saiba onde estás,
nem agora, nem jamais.
Que chova forte, lá fora, enfim,
e leve embora o que há em mim.
Pensamentos, dores, lamento,
que tudo se perca ao relento.
Não te desejo em parte alguma,
nem no céu, nem sob a espuma.
Sejas sombra errante e fria,
eco mudo do que eu não queria.
Que tua imagem se apague no tempo,
feito vela ao sabor do vento.
E se um dia eu sonhar contigo,
que seja um sonho sem abrigo.
Fica em silêncio, não mais volte,
carregue as chaves desse cofre.
Pois se és prisão disfarçada de ar,
que eu aprenda, enfim, a respirar.
Tatiana Pereira Tonet
Enviado por Tatiana Pereira Tonet em 15/04/2025
Alterado em 15/04/2025
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